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16/02/2009 - MOEDA
Rui Nogueira.
O século XX trouxe muitas modificações no sistema de vida dos povos. Logo no início, Santos Dumont com o 14 –BIS conseguiu voar com um objeto mais pesado que o ar. O nosso quartzo estava nos cristais dos primeiros rádios e até o final da segunda guerra mundial todos os rádios do mundo funcionavam com um cristal de quartzo brasileiro que, por sua qualidade, permitia transmissões com menos interferências.
Como evoluiu o capítulo dos medicamentos...e lá está a extraordinária biodiversidade amazônica abastecendo as novas fórmulas com as plantas e os conhecimentos comunitários sendo pirateados para alimentar o gigantesco complexo industrial médico.
As plantações, com várias safras ao ano, vão alimentar os habitantes de variados recantos do mundo sacrificando a nossa população brasileira, pois tudo que é exportado tem isenção de impostos.
A soja que comemos, tem 30% de impostos, a que é exportada até para serração de bicho no exterior, não paga nem um centavo sequer de imposto(absurda Lei Kandir). Pode-se até considerar que vai abastecer o “Fome Zero”dos bichos lá no exterior. Muita tecnologia foi desenvolvida, mas monopolizada, guardada a sete chaves pelos países dominantes como um instrumento de dominação e exploração da maior parte da humanidade.
É a sofisticação e o crescimento da covardia social utilizada no domínio, pela Europa Ocidental, julgando-se civilizadae “escolhida” com direito a explorar todas as partes do mundo. Pólvora contra arma de madeira, os foguetões de alta tecnologia contra as espingardas obsoletas para impor um sistema de comércio internacional com trocas vis de quinquilharias por riquezas e a permanente busca de conseguir o que precisam por simples extração.
Pegam o pau-brasil e levam, pegam o ouro, os diamantes, os produtos agrícolas. Sai a riqueza e fica buraco e miséria para quem suou na sua produção.
Mas, a mais importante, a mais séria, a de maiores conseqüências, modificação ou “inovação” do século XX foi a da moeda. Ela surgiu, há muito tempo, como meio de troca nos relacionamentos comerciais, intermediava as compras dos produtos. Portanto, exercia um papelde representação da riqueza, um parâmetro de valoração dos bens.
O século XX, entretanto, transformou o dinheiro na própria riqueza. Isto tem imensas conseqüências éticas e sociais. Se alguém tem uma maneira de ganhar dinheiro e conseguir as notas de papel pintado não admite que nada interfira. A conduta do traficante de drogas é um bom exemplo. Ele conhece as conseqüências desastrosas de sua atividade, mas a defende até com armas –é a sua maneira de ganhar dinheiro.
Ter o dinheiro, a nota de papel pintado na mão, passou a ocupar as mentes das pessoas nos mais variados segmentos profissionais. Não vale mais a integridade mas o ficar rico, ter dinheiro. Receber uma quantidade grande de “dinheiro” ganhando numa loteria, por exemplo, não representa que ele será aplicado em obras, fábricas, fazendas ou em alguma coisa que produza riquezas, que possam dar rentabilidade ao capital inicial.
Dinheiro, agora, é mercadoria – commodity – negociada na Bolsa. O papel pintado (dólar) é comprado e vendido, negociado nas mais variadas formas,sem qualquer correspondência ou vinculação com a produção de riqueza. De repente é comprado e guardado, como uma jóia, um quadro, ou um terreno na expectativa especulativa.
Interminável e crescente valoração virtual, em que podemos considerar que o sistema financeiro está com câncer. Assim como as células cancerosas se desligam do restante do organismo e passam a sugar todos os nutrientes do organismo para fazer crescer o tumorzão até matar o próprio corpo, o sistema financeiro com suas transnacionais cancerosas se desligou da humanidade e acha que pode crescer infinitamente. Então, passou a sugar toda a produçãode riquezas para alimentar o grande bolsão da especulação do “mercado”internacional.
Poderá crescer indefinidamente? Quando o “bolsão” – a grande bolha financeira qual fora um gigantesco tumor canceroso irá estourar? Tudo, até água, o bem essencial da vida é transformado em mercadoria.
Moeda, um instrumento das trocas comerciais, não pode ser de per si, uma“mercadoria” e muito menos adquirir valores virtuais a serviço do jogo de pura especulação.
Rui Nogueira Médico Escritor pesquisador Correio Eletrônico – rui.sol@ambr.com.br .
Fonte: RUI NOGUEIRA |