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05/10/2011 - A NEGOCIAÇÃO SEMPRE É BEM VINDA
Banqueiros e Bancários revertam R$ 14 bilhões para a sociedade em 8 anos por Eduardo Baltazar Diniz*.
Publicada por Luiz Carlos Azenha em 30 de setembro de 2011.
Em algumas culturas não existe compra e venda sem negociação. Nos países do oriente, em algumas lojas, o cliente tem que passar alguns minutos no ritual salutar da negociação.
Muitas vezes, o vendedor oferece um chá, e ao final, se despedem como grandes amigos. Para banqueiros e bancários parece que a negociação coletiva tem o mesmo comportamento dos lojistas do oriente. Já virou rotina: entra ano sai ano, em setembro é greve de bancário. A imprensa noticia o fato e aponta as dificuldades geradas à sociedade.
Apesar dos facilitadores de atendimento, nem todo mundo tem facilidade em acessar terminal eletrônico e internet. Também existem operações que o cliente não consegue fazer nestes conhecidos canais de atendimento. Mas o motivo deste breve relato sobre greve dos bancários é outro. O questionamento é: a greve trouxe benefício para a sociedade capixaba? A resposta é sim e será demonstrado a seguir.
De 2003 até 2010 houveram oito negociações coletivas. A negociação é simples, os bancários solicitam um índice e os banqueiros oferecem outro. Depois de alguns dias chegam ao consenso e o Acordo Coletivo é fechado entre as partes.
Vamos ver agora como foi o comportamento destas negociações. Em setembro de 2003 os bancos ofereceram na primeira rodada de negociação 9,00% e fechou o Acordo com 12,6% mais R$ 1.500 de abono.
Em 2004 iniciou com 6,00% e fechou com 8,5% mais R$ 1.100 de abono. Em 2005 iniciou com 4,00% e fechou com 6,00% mais abono de R$ 1.700. Em 2006 foi 2,00% no início e assinou o Acordo com 3,5%; em 2007 iniciou com 4,82% e fechou com 6,00%; 2008 foi 7,50% no inicio e fechou com índices variados entre 8,15% e 10%, de acordo com a faixa salarial. Em 2009 os bancos ofereceram 4,5% e chegou a 6,00%; 2010 foi 4,29% no início e 7,50% na assinatura do acordo.
Agora em 2011, iniciou com 7,8%, ofereceu 8,00% e os bancários estão em greve, mais uma vez. Em uma leitura rápida o raciocínio mais lógico seria que a variação entre a primeira oferta e o Acordo fechado é muito pequena, e que não vale a pena o desgaste de uma greve aos empregados dos bancos e à sociedade.
Acontece que índices pequenos aplicados em grandes montantes podem gerar grandes transformações. Em agosto de 2003 o salário médio de um bancário era de R$ 1.714,00, segundo dados das demissões do CAGED.
Reajustando este salário com 9,0% oferecido na primeira rodada de negociação, o salário subiria para R$ 1.868,26. Com o índice do acordo fechado subiu para R$ 1.929,96. A diferença foi de R$ 61,70, mais um único abono de R$ 1.500.
Mais uma vez parece que são pequenas diferenças para tanta discussão, greve e eventuais tumultos. Ocorre que se for aplicado o índice de poupança de setembro de 2003 até setembro de 2011 às estas pequenas diferenças, chega-se ao valor de R$ 36.537,63 por empregado. Ou seja, se o funcionário tivesse aceito todas as primeiras ofertas, teria menos R$ 36 mil em 2011.
Agora o espanto. Neste período, em média, o número de bancários oscilou na faixa de 7.000 empregados no Espírito Santo. Então agora multiplique 7.000 empregados por R$ 36.537,63.
O resultado será de R$ 255.763.375,47 . É isso mesmo, R$ 255 milhões. No Brasil a média de bancários no período ficou na faixa de 400.000, que multiplicado por R$ 36.537,63 chega ao número enorme de R$ 14.615.050.026,85. Isto mesmo são 14,6 bilhões de reais.
E será que este valor está parado em aplicações financeiras? Certamente não. Considerando que o rendimento médio de um bancário em dezembro de 2010 era de R$ 2.187,86, segundo dados do CAGED, os 255 milhões de reais no Espírito Santo, ou os 14 bilhões de reais no Brasil, foram devidamente distribuídos aos fornecedores de alimentos, saúde, educação, vestuário, serviços e todas outras necessidades de uma família de classe média/baixa. E que aqui no Brasil, como na loja do oriente, banqueiros e bancários saiam abraçados para o decorrer da vida.
Eduardo Baltazar Diniz, é bancário desde 1984, pós-graduado em Gestão de Pessoas pela UFES.
Fonte: VIOMUNDO |