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02/06/2007 - SER HUMANO IMPERFEITO...
O perfeccionismo se caracteriza por pensamentos que buscam alcançar objetivos não-realistas e excessivamente elevados.
Vanessa Luiza Martinelli, psicóloga e mestre em psicologia/martinellivanessa@terra.com.br
O perfeccionismo tornou-se uma epidemia emocional. Não raro vêem-se pessoas vangloriando-se de serem perfeccionistas e julgando quem não o é. Nossa sociedade tornou-se um agregado de “quem faz melhor” e “quem erra”. Isso gerou uma necessidade de sempre ter que fazer mais, mas ficando a impressão de que se fez menos do que o esperado.
O perfeccionista costuma ter uma percepção de que o que realiza nunca é bom o bastante. Sente que sempre deve dar o máximo de si em tudo que faz, caso contrário se sentirá inferior. O perfeccionismo caracteriza-se por uma série de pensamentos que visam a objetivos não-realistas e excessivamente elevados. O meio incentiva tais comportamentos, ao confundi-los com responsabilidade e produtividade. É uma busca por satisfação pessoal constante, que nunca se concretiza para o perfeccionista.
Existe um medo excessivo de errar. O perfeccionista geralmente tem pensamentos distorcidos de que seu erro o define. Nesta forma disfuncional de pensar, você não fez uma coisa errada, você é errado. Assim, simples falhas ganham proporções de valor inestimável. O medo de ser rejeitado em virtude desses “erros” faz com que o perfeccionista tente esconder suas falhas. Torna-se hipervigilante a elas, gastando demasiado tempo e energia com pensamentos e ações para evitar os erros.
Trata-se de um círculo vicioso de pensamento e comportamento. O perfeccionista teme a rejeição alheia e acredita que isso ocorrerá se fracassar. Se eu erro, sou menos e os outros não vão gostar de mim. Pensamentos como “eu errei”, na mente do perfeccionista, se traduzem como “sou um erro”.
É muito comum certos sintomas andarem em parceira com os pensamentos de perfeccionismo. Ansiedade, tensão muscular, enxaquecas, dores de estômago e tiques são alguns. A pressão pela busca da perfeição ainda pode gerar doenças de fato, como problemas gastrointestinais (úlceras e gastrites), depressão e outros transtornos.
Sendo assim, como o perfeccionista pode se ajudar? É preciso que a pessoa perceba que o perfeccionismo, ao invés de ajudá-lo, promove dificuldades. Desafie os pensamentos disfuncionais de menos-valia e rejeição. Questione-se quando sentir ansiedade ou desânimo ao se colocar expectativas e metas impossíveis. Valorize o processo, o caminho que se leva para cumprir uma atividade, não veja apenas o resultado final. Em vez de enfocar apenas o que você não fez, valorize o que você conseguiu realizar.
Aprenda que existem atividades menos e mais importantes e que nem todas precisam ser realizadas imediatamente. Aprenda a ver os erros como parte da vida e não como atestados de incompetência. Deixe de relacionar seus erros ao que você é. O importante é perceber que se pode alcançar muita coisa sem a necessidade de ser perfeito. Saiba cultivar momentos de relaxamento e pensamentos de estima por si mesmo. O mundo não é perfeito e nós somos parte deste mundo. Seja você, seja humano.
Fonte: A NOTÍCIA |