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26/07/2007 - VERGONHA
Nilson Borges Filho - Cientista político e professor / borgesfilho@uol.com.br
De um lado, a dor de centenas de pessoas que sofrem com a perda de algum parente ou amigo próximo. Os depoimentos dos familiares das vítimas do vôo JJ 3054 da TAM chocam o mais insensível dos mortais e provocam um sentimento de indignação contra os responsáveis por essa tragédia.
Todos temos uma parcela de culpa nas 199 mortes. As companhias aéreas que, na busca desenfreada pela ganância, não têm o menor escrúpulo em colocar em risco a vida de milhares de passageiros; o governo que assiste, há dez meses, passivamente, ao caos que impera na aviação brasileira ; e nós, essa massa silenciosa e passiva, que somos incapazes de reagir de forma enérgica contra o descaso das autoridades.
Pode ser lugar-comum, mas foi uma tragédia anunciada. A explosão em pleno espaço aéreo brasileiro de um Boeing da Gol, com 154 pessoas a bordo, já anunciava o horror que ocorreria tempos depois. O País se comoveu. O povo chorou. O desespero tomou conta de inúmeras famílias. O governo, covardemente, se escondeu.
De outro lado, a falta de pudor de um presidente desqualificado para a função que se fez de “dodói” para não aparecer em público, preocupado com o fato de que a população, com razão, vinculasse a tragédia ao seu governo, o que, segundo seus assessores de “meia-tigela”, provocaria uma queda nos seus índices de popularidade. A primeira manifestação do governo veio do ministro Mares Guia que, a partir do seu vasto conhecimento de engenharia aeronáutica, “bostejou”: o culpado é o piloto.
O brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, a empresa que administra os aeroportos, colocou a farda e decretou, dias depois do acidente, que o fechamento de Congonhas era sugestão de “radical e fundamentalista”.
O ministro Waldir Pires desapareceu, literalmente. Nem mesmo os assessores do presidente conseguiram localizá-lo, para participar de uma reunião de emergência com o chamado gabinete da crise. E acabou substituído por Nelson Jobim. Waldir Pires seria um pato manco, que na gíria política quer dizer que não apitava coisa nenhuma no seu ministério.
Quanto ao presidente da Anac, um apaniguado do PT gaúcho, sabe-se que foi visto recebendo uma condecoração por relevantes serviços prestados à Força Aérea, no mesmo momento em que os familiares das vítimas se encontravam no IML, tentando identificar e levar para casa o que restou de seus entes. É mais uma prova da irresponsabilidade do governo ao aparelhar o Estado com beócios, cujos méritos são o de ser militantes partidários e/ou sindicalistas desempregados.
Não existe nada mais próximo do governo federal do que os atos obscenos e cafajestes praticados por um despudorado assessor presidencial e seu assistente de imprensa, um desses tipinhos que foge das redações para cair no colo do poder, que demonstraram uma total indiferença pelo sofrimento alheio.
Comentário do Sindicato: Esse pessoal do des(governo) do PT são tão irresponsáveis que, só falta culpar os passageiros pela tragédia...
Fonte: A NOTÍCIA |