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01/02/2007 - O RIO E O MAR DE CADA UM
Mês de março é tempo de divulgar resultados. As grandes empresas e os bancos se apressam para mostrar competência na consecução de lucros bilionários. O lucro é assim mesmo, o objetivo de quem já tem muito e quer ainda mais.
Alegria dos acionistas e do governo. Lucro é sinal de mais impostos e mais dinheiro para encher os cofres públicos. O sinal de vitalidade vem, principalmente, das empresas privatizadas nos governos anteriores, das empresas privatizadas que operam por concessão de serviços públicos, das empresas estatais e das multinacionais. O rio continua correndo para o mar, assim, os ricos continuam cada vez mais ricos.
O nosso Banco do Brasil, numa disputa ferrenha com os principais bancos privados brasileiros, continua apresentando recordes de lucro. Pegando carona neste momento da história, as representações sindicais se apressam em querer discutir a participação dos trabalhadores no lucro e, pelo menos por um tempo, esquecem o debate sobre o verdadeiro papel do crédito.
A chamada PLR foi a ferramenta que o governo e as empresas encontraram para reduzir os salários.
Essa é mais uma armadilha que faz com que o funcionário do Banco do Brasil esqueça o seu papel de agente de desenvolvimento, para buscar o lucro, a qualquer preço, o que vai compensar suas perdas salariais. Acaba por reduzir sua importância ao nível de um bancário recrutado pelos bancos privados, em cada esquina deste país, sem concurso público, mais por amizade e menos por qualificação, descartado sempre de forma a garantir que seu tempo médio de permanência no setor não ultrapasse cinco anos.
Nesse cenário, a nossa Previ também é o mar e o rio são empresas jorrando lucros aos borbotões. Assim, sobra dinheiro para cumprir os compromissos de aposentadoria, o que não gera lucros, mas superávit. De um lado, o Banco do Brasil querendo adotar medidas que reduzam a geração de superávit na Previ para aumentar o seu lucro. De outro, os participantes desejosos de melhorias nos benefícios para, assim, ganhar condições de sobreviver com mais dignidade com suas aposentadorias.
Esta direção do Banco deu sinais positivos na discussão de uma solução para a nossa Cassi. A proposta que será objeto de discussão e votação por parte do Corpo Social merece o nosso apoio. Resta, agora, a expectativa de que, no caso da Previ, as injustiças sejam corrigidas. E que a luta por melhorias - que um dia já foi de importantes membros do atual governo - encontre, no debate sério, transparente e efetivo, o caminho para corrigir as distorções que, nos últimos anos, aprofundaram as diferenças entre iguais de um mesmo fundo de pensão.
Nesta história de rio e mar é bom lembrar que, para o funcionário do Banco do Brasil, mar é só um lugar onde ele pode tomar um banho com água salgada e rio é só um canto onde ele pode esperar pacientemente a fisgada de um lambari.
Valmir Camilo
Presidente da ANABB
Fonte: JORNAL AÇÃO - ANABB |