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18/04/2007 - O MÍNIMO NECESSÁRIO
Mesmo na hipótese de pôr em prática o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) neste ano e de confirmar a expansão de 4% no Produto Interno Bruto (PIB), o país não conseguirá acabar com o desemprego, um drama que aflige hoje mais de 9 milhões de brasileiros. A explicação é desconcertante, pois deixa claro que nem o PAC, o conjunto de iniciativas no qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende pautar o restante de seu segundo mandato, é ousado o suficiente para permitir a eliminação do problema. Só haverá emprego para todos no mercado formal quando a economia tiver condições de se expandir mais de 5% ao ano, percentual comum na maioria dos países em desenvolvimento, mas difícil de ser registrado no Brasil.
As projeções, feitas pelo economista Márcio Pochmann, da Universidade de Campinas (Unicamp), evidenciam que o conjunto de medidas em exame pelo Congresso é vital para permitir expansão econômica, mas insuficiente para garanti-la. O governo, que enfrenta dificuldades para motivar sua base de apoio até mesmo quando está em questão um programa cujos resultados previstos são os esperados por todos os brasileiros, precisará apostar em outros avanços. Um deles é a continuidade da correção da taxa de juros, com uma redução mais acentuada do que a prevista para ser anunciada hoje, por exemplo. Outro é a inclusão na ordem do dia de reformas como a tributária, sem a qual o país não terá como se mostrar competitivo na comparação com outros, inclusive vizinhos da América do Sul, nos quais a produção é muito menos taxada. Em alguns segmentos específicos, como o exportador, a taxa desfavorável para o câmbio constitui-se num entrave adicional para o qual os responsáveis pela política econômica continuam devendo uma alternativa satisfatória.
Um dado suficiente para apressar providências realmente eficazes é que um em cada dois desempregados em busca de uma vaga no país tem menos de 25 anos de idade. Grande parte desse contingente se preparou para enfrentar o mercado de trabalho formal em melhores condições, mas tem esbarrado numa tendência que não parece dar sinais de ceder: a falta de oportunidades. Os governantes têm compromissos com essas gerações, que não podem ser levadas ao desestímulo já no início da carreira, com risco de provocar um desânimo gradual em relação às perspectivas para a economia.
Se outros países vêm provando a cada ano que é possível se expandir mais, o Brasil também precisa tratar de descobrir o caminho. E o mínimo necessário, como adverte o estudo divulgado agora, é o que possa assegurar uma chance para quem não quer apenas trabalhar.
Fonte: DC |